quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Giverny... de Monet

Eis que a perdidamente apaixonada pelas obras de Claude Monet (1840-1926) finalmente consegue chegar à Giverny... mais que isso, depois de idealizar essa visita por anos e anos, concretiza o magnífico sonho de caminhar pelos jardins concebidos pelo Mestre e absorver toda a atmosfera - incrivelmente preservada - que foi fonte de suas imortalizadas inspirações. E o melhor de tudo: produzi material fotográfico digno, no qual me senti parte integrante das criações dele!
De fato, a emoção foi imensa. Maior ainda quando vi as fotografias, à noite, depois da visita. Eu me senti imortal. Dentro das telas impressionistas dele... porque foi o que consegui vislumbrar nas imagens. As paisagens estão tão bem cuidadas, tudo tão impecavelmente tratado, que parecia até que eu ia vê-lo sentado por ali, buscando um novo ângulo de seu jardim.

Giverny é uma comuna francesa, localizada na região administrativa da Alta Normandia, a 75Km de Paris. para chegar lá, você pode optar pelo trem na Gare Saint Lazare (para a cidade de Vernon). 
Chegando em Vernon, há transporte/ônibus para Giverny, que é pertinho, seguro e organizado. 

Eu fui com uma operadora de turismo que oferece o pacote completo (incluindo ingressos e guia no local). Estive lá assim que a Fundação Claude Monet reabriu as portas (eles têm um recesso de dezembro a março). Os jardins ficam fechados durante o rigoroso inverno europeu por motivos óbvios. 

Na primeira quinzena de abril já é possível ver tudo verdinho novamente, se renovando, despertando e começando a florescer... Ainda estava bem gelado, temperaturas em média de 8º e é bem verdade que havia muito galho seco, mas de qualquer forma vale a pena. Claro que a explosão de cores e formas da Primavera é surreal, mas ter a privacidade, sem aglomerações, no passeio também foi muito bom!
Espia aí do lado. As bonitas já estavam pipocando aqui e ali. De forma discreta e preguiçosa, mas sim dava para imaginar direitinho tudo aquilo colorido. Uma belezura de embasbacar até a mais imparcial das criaturas. Fui caminhando, com um sorriso nos lábios... por vezes fechava discretamente os olhos só para ter o prazer de me surpreender de novo e de novo e de novo por estar de verdade ali!
Uma paz, um silêncio, um frescor sem igual.
O mais curioso é a passagem subterrânea que liga a casa principal ao jardim da ponte japonesa. Eu desconhecia completamente esse fato. Ele se mudou para Giverny em 1883 e começou o seu magnífico jardim em frente à sua casa. Ele, depois de um tempo, contava com o apoio de cinco jardineiros, mas gostava de cuidar de tudo pessoalmente. Encomendava as plantas de acordo com o efeito que pretendia em suas telas, imaginando a composição de cores das flores. E, me contaram, que tudo era organizado de forma que nenhum pedacinho de terra ficasse aparente. Quando florescia, os canteiros precisavam se fechar, se vedar por completo, somente com flores. Ele era exigente, temido, respeitado e - também me disseram - bastante odiado pela vizinhança.
Quando o jardim se tornou pequeno para ele, comprou o terreno do outro lado da rua. Solicitou ao prefeito, seu amigo, que o trecho de rua que o atendia fosse asfaltado para facilitar a chegada de suas raras encomendas. Foi atendido e ainda mais detestado pelos vizinhos, que viam as melhorias sendo realizadas apenas para atender e favorecer o ilustre morador do local. Foi mais antipatizado.
Então o que fez? Construiu a passagem subterrânea para o jardim principal, onde estão a Ponte Japonesa, os bambus e seu acervo de plantas mais importantes e raras. Dessa forma não precisava ser visto caminhando pela rua, rs. Simples, não? 
A essa altura sua paixão pela cultura nipônica estava em apogeu. Os vizinhos temiam que as encomendas/plantas trouxessem pragas ou doenças para o vilarejo. Quando os bambus chegaram foi motivo de pânico! Pois ele pouco se importava. Produzia mais e mais. E, mesmo com as inimizades na vizinhança e seu temido mau humor, costumava receber amigos para deliciosos almoços de domingo, que se prolongavam em passeios, conversas e risadas pelos jardins e varandas da casa.
Que delícia, não é? Eu me senti uma dessas convidadas. Te juro. Que privilégio desfrutar desse universo tão rico e precioso. Entrei na casa de Monet, visitei seu quarto, sua cozinha linda que amo de paixão toda amarela e azul (não se pode fotografar lá dentro), sua sala de estar, seu atelier....... cada cômodo, cada móvel, cada cantinho tem uma história, um suspiro, uma inspiração. Dá vontade de morar na casa. De passar um temporada, sei lá.
Sou fã incondicional, já deu para perceber... essa experiência vou guardar até o fim dos meus dias. E ainda pretendo voltar na Fundação, assim que possível, em outro período do ano para descobrir mais curiosidades, novas cores, outra luz e tudo mais. Se você curte Arte e Fotografia, certamente vai perceber nuances de luminosidade diferentes nas fotos que fiz. Eu comprovei... realmente não é só o ambiente, a atmosfera é mágica.
As possibilidades são infinitas, há muito que se explorar. O lugar todo é um convite. Por mais que eu clicasse, sempre faltaria um novo ângulo, uma observação, um outro olhar. Deslumbrante. Fascinante. Uma joia trabalhada em conjunto Homem/Natureza em prol das Artes.
E que está lá, preservada com maestria, ao alcance de nós, pobres almas mortais que por breves instantes interferimos na calmaria do templo. 
Bem que tive mesmo vontade de beijar aquele chão. Mas, estão aí, as fotografias que eternizam minha presença nesse lugar que é sagrado para mim. Com a emoção aflorada, transbordando pelos olhos, a alma leve saltitando de alegria, e o coração explodindo no peito. 

No final da visita, há uma boutique charmosérrima, ao lado da casa principal, com itens indispensáveis para consumidores apaixonados pelo Impressionismo. 

Há de um tudo, camisetas, camisas, echarpes, gravuras, louças, bolsas, chapéus, bijouterias, canetas, mouse-pads, tudo, tudinho para o seu deleite, rs. Por hoje, basta. Foi muita emoção! Simonete e Monet.